Capitã Marvel - Crítica
SERÁ QUE TE DOU O MUNDO MESMO, CAPITÃ?
[AVISO: PODE CONTER SPOILERS]
10 anos se passaram até a Marvel ter seu primeiro filme solo de uma super-heroína. Não que as que já apareceram anteriormente não merecessem filmes solos (vide Viúva Negra que é a personagem mais pedida pelos fãs para ter um filme solo). Faltava um empurrão e tal empurrão veio logo de sua “concorrente”, DC. Ao dar um tempo de tela necessário para uma super-heroína f***na, dirigido por uma mulher, a DC “deu na cara” da Marvel. Não que eu queira comparar ambas, mas acaba se tornando inevitável tais comparações. Observe: feche os olhos; imagine uma mulher – eu sei que se você realmente tivesse feito o que eu pedi, não teria lido isso, mas sigamos; imagine que essa mulher tenha um super-poder; e que essa mulher com super-poder vista uma roupa azul e vermelha com detalhes amarelos. Pensou em alguém? Bem, tal descrição se encaixa perfeitamente nas duas. “Ah mas você só vai comparar por causa de umas semelhançazinhas bobas?”. Sim, vou comparar, porque é INEVITÁVEL. Agora sem mais enrolação e sem mais justificativas às comparações, o que Capitã Marvel de fato nos traz?
Divulgação/Marvel Studios |
Ao começar com uma homenagem a Stan Lee, a esperança de um excelente filme só aumenta. Não que uma simples abertura esteja diretamente ligada ao enredo do filme, mas não dá pra negar que o coração bate mais forte. E nos primeiros minutos de filme o que mais temos é correria. Tudo é muito rápido, muita informação a processar, flashbacks, ação. Uma história que precisa ser completada. O que é interessante no filme, ao passo que Carol Denvers tem um quebra-cabeça a resolver, nós (o público) também temos. A fórmula do vilão x mocinho é tão aproveitada no filme que deixa espaços para que o filme se torne previsível (e para mim, foi previsível). O filme peca nesse aspecto, cair no previsível é esperado. Só nos resta continuar, junto a Carol, a montar o quebra-cabeça. E quando enfim conseguimos montar o quebra-cabeça, soluções fáceis que poderiam serem tomadas muito antes transforma todo aquele “jogo no hard” em algo muito superficial. Talvez o filme até deboche disso em determinado momento, quando a Carol usa seus poderes para abrir uma porta e Nick Fury questiona o por que dela não ter utilizado antes.
Para além de soluções fáceis, temos personagens que poderiam serem muito melhores utilizados mas que foram deixados apenas como somente coadjuvantes. Como a Maria Rambeau que em alguns momentos é uma super parceira da Carol, mas que se perde em contradições. Contradições essas que ao menos são discutidas pelos personagens. Passa batido, se torna um erro.
Um dos pontos positivos que dou ao filme é sobre brincar com o que achamos ser mal. Visão essa que tem sido trazida nos últimos filmes da Marvel (Pantera Negra, Guerra Infinita). Humanizar o vilão, ou o possível vilão. Ou dar voz a eles, ouvirmos. E aí sim tomar um lado, escolher pelo o que lutar e com o que lutar. É não trazer uma visão unilateral dos vilões, o que SEMPRE vemos e vimos nos filmes de super-heróis. E Capitã Marvel eleva isso, contradizendo o que pensamos sobre vilões e mocinhos.
A trilha sonora infelizmente não se destaca nesse filme. Sequer temos um tema retumbante da super-heroína. As cenas de ação só empolgam de fato quando a Capitã Marvel enfim utiliza seus poderes e, como todos já conhecem, temos a famosa personagem apelona. A Capitã Marvel é f***na! E o filme faz questão de mostrar isso, de criar todo o terreno pra mostrar o quão boa ela é. Há piadinhas. Zueiras com o ser humano (macho) e como ele acabou com a Terra. Piadinhas. Há machismos escancarados com boas resoluções, como uma tacada de laser na cara. Referências aos anos 90 das músicas até a velocidade (ou falta de) dos computadores. Já falei das piadinhas? Elas até são boas.
Sobre Brie Larson no papel da heroína: há carisma. Nos primeiros momentos de tela o que vemos é uma Vers debochada. Sempre com um sorrisinho no canto da boca, o que vai diminuindo ao longo do filme e é quando realmente vemos o potencial da Brie (Oscar winner em 2016). Me pareceu forçado inicialmente toda aquela tentativa de carisma e que, no final das contas, a falta de forçação de carisma e a garra da personagem a engrandeceram no papel. - voltando as comparações inúteis: quem é super-heroína mulher, que veste azul e vermelho com detalhes amarelos e sorri enquanto luta? -
No final desse quebra-cabeça, com as peças montadas e o universo Marvel se encaixando, temos apenas mais um filme da Marvel Studios. Não fede, não cheira e deveria ser um grande pé na porta, tendo em vista ser o primeiro filme com protagonismo feminino na Marvel. Não sinto que chegou, ao menos não como deveria. Porém, gostaria de ler/ouvir mais o que as mulheres (seguidoras do Team Comics) tem a dizer sobre esse filme, sobre sua representatividade e sobre como ele chegou.
Antes que eu esqueça da nota, 7,5.
(Kauan Oliveira)
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